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Domínios Morfoclimáticos do Brasil: Natureza, Diversidade e Transformações Humanas

O território brasileiro é marcado por uma imensa variedade natural, resultado da combinação entre o relevo, o clima, a vegetação e o solo. Para compreender essa diversidade, o geógrafo Aziz Ab’Sáber propôs o conceito de domínios morfoclimáticos, uma forma de dividir o espaço brasileiro em grandes unidades naturais que apresentam relativa homogeneidade em seus aspectos físicos e ecológicos.

Essa abordagem é fundamental para o estudo da geografia física do Brasil e também para a análise dos impactos das atividades humanas sobre o meio ambiente.

Domínios Morfoclimáticos e Biomas: Conceitos Distintos

Embora muitas vezes usados como sinônimos, domínios morfoclimáticos e biomas não significam exatamente a mesma coisa.
O bioma é um conceito mais ecológico, definido principalmente pela vegetação e pelas interações entre os seres vivos e o ambiente. Ele é adotado oficialmente por instituições como o IBGE e o Ministério do Meio Ambiente.

Já o domínio morfoclimático é um conceito mais amplo, geográfico, que engloba não apenas a vegetação, mas também o relevo, o clima e o tipo de solo — ou seja, considera o conjunto da paisagem natural. Assim, enquanto o bioma tem foco na vida (bio), o domínio morfoclimático analisa a integração entre os elementos físicos e biológicos.

Domínio Amazônico

O Domínio Amazônico ocupa a maior parte do Norte do Brasil e é caracterizado pela Floresta Amazônica, a maior floresta tropical do mundo. O clima é equatorial, quente e úmido, com chuvas abundantes durante todo o ano. O relevo é predominantemente plano e os solos, apesar da exuberância vegetal, são pobres em nutrientes.

A ocupação humana intensificou-se com a expansão da fronteira agrícola, a exploração de madeira, a mineração e a construção de grandes hidrelétricas. A devastação da floresta causa perda de biodiversidade, alterações no ciclo das chuvas e aumento das emissões de gases do efeito estufa, afetando o equilíbrio climático global.

Domínio da Caatinga

Localizado no Nordeste brasileiro, o Domínio da Caatinga é o único exclusivamente brasileiro. O clima é semiárido, com altas temperaturas e chuvas escassas e irregulares. A vegetação é adaptada à seca, com plantas espinhosas, folhas pequenas e capacidade de armazenar água.

A ocupação humana é antiga e marcada pela pecuária extensiva, pela agricultura de subsistência e, mais recentemente, pela expansão da energia eólica e solar. A degradação ocorre devido ao desmatamento, à desertificação e à má utilização dos recursos hídricos, agravando os efeitos das secas prolongadas.

Domínio do Cerrado

O Cerrado é o segundo maior domínio do país, ocupando o Planalto Central. Seu clima é tropical típico, com duas estações bem marcadas — seca e chuvosa — e solos ácidos e pobres. A vegetação é composta por árvores retorcidas, gramíneas e arbustos resistentes ao fogo.

O Cerrado é considerado a “caixa d’água do Brasil”, pois abriga nascentes de grandes bacias hidrográficas. Contudo, vem sofrendo intensa degradação devido à expansão da agropecuária mecanizada e do cultivo de soja, milho e algodão. Estima-se que mais de 50% da vegetação original já tenha sido destruída, tornando o Cerrado um dos biomas mais ameaçados do país.

Domínio dos Mares de Morros

O termo “Mares de Morros” refere-se ao relevo ondulado do Sudeste e parte do Sul do país, formado por rochas cristalinas e coberto originalmente pela Mata Atlântica. É uma região de solos férteis, densamente povoada e com grande concentração de cidades e atividades industriais.

A intensa ocupação provocou erosão, assoreamento de rios e deslizamentos de encostas, especialmente em áreas urbanas. O desafio atual é conciliar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental e a segurança da população.

Domínio das Araucárias

Também conhecido como Floresta Ombrófila Mista, o domínio das Araucárias ocorre nas áreas mais elevadas da Região Sul, com clima subtropical e invernos rigorosos. A vegetação típica é composta pelo pinheiro-do-paraná (Araucaria angustifolia), espécie símbolo do estado do Paraná.

A exploração madeireira e a expansão agrícola reduziram drasticamente essa floresta — restam menos de 5% da área original. Hoje, o cultivo de soja, milho e trigo e a silvicultura de pinus e eucalipto substituem grande parte da cobertura nativa.

Domínio das Pradarias (Pampas)

Localizado no sul do Rio Grande do Sul, esse domínio apresenta relevo suavemente ondulado e vegetação campestre, com predominância de gramíneas. O clima é subtropical, com boa distribuição de chuvas ao longo do ano.

As pradarias foram amplamente utilizadas pela pecuária e, mais recentemente, pela agricultura mecanizada. O pisoteio do gado, a monocultura e o uso intensivo do solo têm provocado compactação e perda de biodiversidade, alterando o equilíbrio dos ecossistemas locais.

A Ação Humana e a Degradação dos Domínios Naturais

Em todos os domínios morfoclimáticos brasileiros, a ação humana tem sido o principal agente de transformação da paisagem. A expansão da fronteira agrícola, o desmatamento, a urbanização desordenada e a exploração de recursos naturais provocam erosão, poluição, perda de solos férteis e mudanças climáticas regionais.

Com base científica, sabe-se que essas alterações reduzem a capacidade dos ecossistemas de manter serviços ambientais essenciais — como o controle do clima, a regulação hídrica e a conservação da biodiversidade. A degradação de um domínio não é um fenômeno isolado: seus efeitos se estendem a todo o território, impactando o equilíbrio ambiental e a qualidade de vida da população.

Conclusão

Compreender os domínios morfoclimáticos do Brasil é entender a base natural sobre a qual o país se desenvolveu. Mais do que reconhecer a beleza e a diversidade desses ambientes, é fundamental repensar os modelos de ocupação e uso dos recursos naturais.

A preservação dos domínios morfoclimáticos — e dos biomas que neles se inserem — é uma condição essencial para garantir um futuro sustentável, equilibrando as necessidades humanas com os limites ecológicos do planeta.

Fonte: Biomas e sistema costeiro-marinho do Brasil 

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